Um clássico agradável!

Alexandre Guimarães 


Confiança e Sergipe proporcionaram um jogo movimentado no último sábado, na Arena Batistão, pela 8ª rodada do campeonato regional. Se do ponto de vista técnico não foi um primor de partida, mas do ponto de vista da voluntariedade foi muito bom. Nenhum se acovardou, ambos jogaram para vencer, atentos aos cuidados que requer o momento, no que se refere à classificação para as finais do sergipano 2022. A ideia é evitar a decisão para a última rodada, correndo o risco de ficar de fora da fase final. Aliás, deixariam de alcançar o principal objetivo do primeiro semestre que, no caso, é a conquista do título e a garantia do famoso calendário para o ano seguinte.   


As duas equipes buscaram a vitória durante o duelo, vários contra-ataques foram armados, ao ponto de alguns deles terem criado perigo para o setor defensivo do adversário.  Rubros e proletários pensaram, de fato, em vencer. Um resultado positivo deixaria mais tranquilo o vencedor e encaminharia a passagem para a próxima fase. As propostas de jogo determinadas pelos comandantes técnicos se assemelharam em alguns momentos. Lógico que tecnicamente são equipes que não correspondem às grandezas de Confiança e Sergipe, porém essa deficiência, em certas situações, é superada pela força de vontade e pela compactação do time dentro de campo. 


Um bom jogo nem sempre está condicionado ao aspecto técnico. A vontade de vencer tem o poder de contaminar os jogadores e criar uma atmosfera favorável ao espetáculo. Um outro fator preponderante para a qualidade de um duelo no futebol é o tático. Em tese, reconheço, que a obediência tática pode geralmente está vinculada a um time qualificado tecnicamente. Mas há de admitir que o propósito de ganhar e a disciplina dos profissionais ao modelo de jogo definido dentro das quatro linhas agigantam as equipes, ao ponto de proporcionar uma partida atrativa. 


O técnico Daniel Neri conseguiu, principalmente, no primeiro tempo compactar as linhas do time colorado. Sem a posse de bola num 4-4-2 e com a posse num sistema 4-3-3, com um avanço das linhas, em algumas situações, no momento da marcação. Essa organização tática potencializou a dificuldade do meio campo do Confiança criar jogadas com os seus homens de armação. O português conseguiu diminuir os espaços, fato que já se configura a influência do comandante técnico alvirrubro. Sábado foi visto o trabalho do Daniel Neri, pois a sensação era de que na Copa do Nordeste ele não havia feito ainda sua estreia. 


No time azulino, Luizinho Lopes ainda não conseguiu encaixar sua proposta de jogo, diferentemente do ano passado, que logo na sua chegada já se via uma mudança de postura da equipe dentro de campo. Jogador improvisado, a insistência em Everton Santos com a responsabilidade de criação, quando se tinha Rafael Vila na lista de relacionados e o sacrifício posto a Álvaro, cansado boa parte do segundo tempo, foram alguns equívocos do comando técnico proletário. Confesso que esperarava um pouco mais do Dragão, por ter um time melhor do que o Sergipe tecnicamente e pelo tempo disponibilizado de treino, em virtude do calendário das competições, das quais o Confiança este ano não participa. Mesmo assim, demonstrou sinais de compactação na partida, porém um pouco distante de ser o desenho almejado por Luizinho Lopes. Cabe reforçar que vontade não faltou, prova que não vi nenhum aceno negativo da torcida neste sentido. 


Enfim, rubros e proletários se não proporcionaram um dos melhores jogos da história do choque rei sergipano, oportunizaram aos presentes uma partida agradável e disputada. Quantos confrontos ruins assistimos diariamente em campeonatos tidos como os principais do país com clubes tradicionais, cujos elencos são milionários?!

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