O ATUAL CENÁRIO DO FUTEBOL SERGIPANO!

Alexandre Guimarães


O campeonato sergipano está chegando à final da fase de grupos, quando serão decididos os quatro times que vão disputar o título de 2022. Em tempos atrás, a principal discussão no estado, no meio futebolístico, era em torno de quem tinha mais chances de ser o campeão sergipano. Criava-se uma atmosfera interessante, de ansiedade e empolgação entre torcedores, profissionais das equipes finalistas e membros da imprensa esportiva. No dia da decisão, alguns veículos de comunicação dedicavam sua programação para destacar a final do campeonato, ouvindo o torcedor, noticiando direto das concentrações, entrevistando especialistas, promovendo, de fato, a final. Tempos bons, que, dificilmente, voltarão!


Mas por que será que hoje não se oportunizam mais momentos assim? São tristes a frieza e a indiferença que se apresentam em relação ao futebol do nosso estado, por parte de todos os segmentos envolvidos, quando poderíamos reviver o entusiasmo de outrora. O certo é que o campeonato não consegue mais empolgar as pessoas e as causalidades são diversas. Desde o aspecto técnico dos participantes à relação distante das equipes com os veículos de comunicação, principalmente as estações de rádio, que cobrem diariamente o nosso futebol, tentando alimentar a importância dele.


Os elencos formados, num tempo não tão longínquo, eram disparadamente melhores do ponto de vista técnico do que os atuais. Nos anos 90 e início de 2000, os elencos eram formados por praticamente 90% de jogadores sergipanos, muitos desses oriundos das categorias de base dos próprios clubes, que eram promovidos pelas suas comissões técnicas e recebiam, incisivamente, apoio da direção e dos torcedores. Esse clima acolhedor e sadio não se vê mais nos dias atuais. Tratando, especificamente, dos dois principais clubes da capital, havia jogadores em seus respectivos elencos que reuniam muitos recursos técnicos como Baianinho, Elenilson, Paulo Sérgio Gomes, Lêniton, Paulinho e Sandoval, no Sergipe, Aldair, Peta, Aurélio, Quinha, Malvina e Edy, no Confiança. Que diferença significativa quando comparados, com todo respeito, aos dos atuais elencos.


Por terem à disposição atletas qualificados tecnicamente, armar uma proposta de jogo inteligente ficava mais viável, proporcionando jogos interessantes e mais atrativos para o público. Os aspectos técnicos e táticos alinhados, sem dúvida, configuravam-se em um fenômeno determinante para o envolvimento dos vários segmentos do futebol, motivo que descartava qualquer atitude de indiferença ao campeonato, como acontece atualmente. As atuais direções não depositam confiança no trabalho de base, tornando-se um fato recorrente trabalhos isolados e com tempo de duração definido, além de carente de uma estrutura mínima adequada a exigência do processo.


Um episódio que se soma à dinâmica do futebol dentro de campo é a relação entre imprensa esportiva e os clubes principais da capital: Confiança e Sergipe. A maior promotora da competição, no caso a imprensa esportiva, vem sendo a mais prejudicada, por determinações equivocadas estabelecidas pelas equipes no trabalho diário dos veículos de comunicação. Quantas limitações impostas aos colegas de trabalho no exercício da cobertura jornalística. O profissional, por exemplo, não tem a liberdade de escolher o atleta, quem ele pretende entrevistar para alinhar a sua pauta de trabalho. Além de uma burocracia nas entrevistas coletivas e a indisponibilidade da relação dos jogadores que estarão em campo, como se todas essas estratégias ganhassem ou ajudassem a ganhar jogo. Sendo assim, pergunto: como promover uma competição, quando a parte mais interessada não tem se mostra solícita?


Enfim, a frieza e a indiferença ao futebol sergipano estão explicadas. Torcedores desmotivados, imprensa chateada e jogos fracos é o cenário atual do nosso querido e estimado futebol. Quem sabe um dia, tudo isso não se modifica! E continuamos torcendo por ele e acreditando nele.

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Fernando Andrade - 26/03/2022 04h29
Parabéns Alexandre pela narrativa simples e objetiva sobre o atual futebol sergipano. Em essência, tudo que você aborda é produto da má gestão do futebol, dirigentes dispreparados, que procuram o futebol para se locupretarem politicamente. O trabalho de base é tido e havido como um fardo pesado a se carregar. O que deveria ser a solução para os clubes, para a formação dos seus plantéis, para a geração de caixa, é encarado como ônus, nunca como bônus. Triste e infeliz futebol sergipano!